Com este caderno especial volta às bancas um título académico de referência nas ciências humanas. A nossa ambição (do grupo de estudiosos da literatura que organizou o caderno) foi desde sempre a de recriar um espaço de debate fundamentado academicamente e em que os assuntos a abordar não se resumissem a temas angolanos.
Neste volume, temos, logo a abrir, notícia de uma literatura feminina pujante e que mal conhecemos: a nigeriana.
A secção dedicada à África lusófona é, naturalmente, a que mais espaço ocupa. Na perspectiva abrangente em que nos colocamos. o sistema literário funciona por interacção de sistemas em que o da oratura e o da literatura estabelecem talvez as relações mais intensas e suscitam constantemente leituras comparativas.
Daí que os artigos, nesta quanto em outras secções, reflitam a dicotomia escrito-oral.
Para além dela, outra dicotomia está presente, mais comum ainda nos estudos humanísticos, que é a que dissocia língua e literatura. Estando uma tal associação e dissociação feita nos nossos cursos de letras, não podia o caderno ignorá-la, nem o queríamos, pois a informação e a formação linguísticas são de facto importantes para os estudos literários, ainda mais em países multilingues como Angola.